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Por que falar sobre o prazer feminino ainda é algo tão difícil?
O mercado de bem-estar sexual cresceu significativamente nos últimos anos, mas por que tantas mulheres ainda sentem dificuldade em comprar produtos eróticos?
O mercado de bem-estar sexual, mais conhecido popularmente como mercado de produtos eróticos, vem crescendo anualmente. De acordo com um levantamento realizado pela Cortex Intelligence, em 2022 foram abertas 1.068 novas empresas de bem-estar sexual no Brasil, com uma alta de 34,7% em relação ao ano anterior. O segmento já movimenta anualmente 74 bilhões por todo o globo e a expectativa é que alcance 108 bilhões até 2027.
O mercado de bem-estar sexual é um termo recente e pode ser definido como a evolução dos produtos eróticos. Esse segmento tem a maioria dos produtos voltados para as mulheres, com itens focados não somente no prazer, mas também na saúde íntima e bem-estar da mulher.
A inovação é destaque nesse segmento, constantemente esse mercado é atualizado com produtos e serviços cada vez mais tecnológicos. Além disso, a chegada dos cosméticos para a região íntima está cada vez mais popular entre as mulheres, como as colônias e hidratantes exclusivos para essa área.
Para Leane Macedo, proprietária da loja Ei, Tulipa, os produtos específicos para a região íntima vem ganhando destaque no mercado de bem-estar sexual, “os desodorantes e perfumes, e as linhas de tratamento, como clareadores e hidratantes”, cita a empresária.
Leane Macedo é proprietária da loja Ei, Tulipa. - Foto: Alexia Viana
Porém, tudo o que envolve a sexualidade feminina ainda é alvo de vários tabus na nossa sociedade, e apesar do crescimento do mercado de bem-estar sexual, muitas mulheres ainda não consomem desses produtos, ou quando consomem, é ainda com muita timidez e medo da reação do(a) parceiro(a) ao apresentar esse item.
Na busca por entender como os tabus influenciam as mulheres na hora de comprar produtos desse mercado, a equipe do Prazer, Mulher realizou uma pesquisa quantitativa no mês de abril com 54 mulheres, com idades entre 19 a 42 anos, moradoras da cidade de Juazeiro, na Bahia e região.
Nossa pesquisa apontou que 59,3% das mulheres sentem ou já sentiram vergonha de comprar produtos eróticos. Isso mostra como muitas mulheres ainda não se sentem à vontade para consumir itens desse mercado. Outro ponto levantado por essas mulheres é a vergonha de conversar com um atendente do ramo, logo em seguida, o segundo receio mais votado é o medo de algum conhecido ver ou saber que está comprando itens de bem-estar sexual.
Quer saber mais da nossa pesquisa? Clique aqui e acesse o nosso infográfico.
Para Vanessa Félix, que atua há 10 anos como vendedora da loja O Barateiro, um dos primeiros empreendimentos a vender produtos eróticos na cidade de Juazeiro, as mulheres chegam inicialmente com muita vergonha, mas que é preciso passar confiança para as clientes “se sentirem à vontade”.
“As mulheres, estão cada vez mais querendo inovar, apimentar a relação, apesar da vergonha de muitas (mulheres), elas estão comprando cada vez mais”
Seção de produtos de bem-estar sexual da loja O Barateiro - Foto: Maria Clara Oliveira
Para muitas mulheres, comprar esses produtos em loja física ainda é um dos principais desafios, como é apontado na nossa pesquisa, 46,3% das mulheres ainda sentem muita vergonha em chegar nos atendentes e fazer seu pedido frente a frente. Como é o caso de Michele Campos, que compra produtos de bem-estar sexual há algum tempo, mas que nunca foi presencialmente em uma loja do ramo, e só adquire os itens em forma de delivery, realizando seu pedido online. “Acredito que, se não fossem esses tabus, nós veríamos mais lojas físicas na rua, porque as mulheres não teriam vergonha de expor suas necessidades a um vendedor ou de serem vistas entrando em uma loja dessas (...), me sinto mais segura assim”, aponta Michele.
Apesar dos tabus, a expectativa do segmento é promissora, além do crescimento mercadológico, a liderança feminina nesse ramo é de 51,3%, de acordo com a Cortex Intelligence. Ou seja, com o aumento da presença de mulheres nesse mercado, maior é o leque de possibilidades de diálogo sobre o assunto e entrada de produtos e serviços que atendam cada vez mais as necessidades apontadas pelo público feminino.